quinta-feira, 19 de junho de 2008
“O futuro não é a redação dos impressos”
O MERCADO QUE NOS ESPERA...
O mercado de trabalho para jornalistas graduados, tem se tornado cada vez mais concorrido em Porto Velho. A Faro - primeira faculdade a oferecer graduação em comunicação social com habilitação em jornalismo - já formou cinco turmas desde 2005, ou seja 79 novos profissionais estão inseridos nas assessorias de comunicação, redações de jornais impressos, sites, televisão e do tradicional rádio. Lembrando, que outras três turmas concluem o curso este ano, uma delas é a primeira turma da faculdade Uniron.
Mas basta ser um bom profissional, que sempre haverá uma vaga para quem realmente se esforça e procura se especializar. Além do mais, hoje em dia, com um pouco de espírito empreendedor e uma boa visão de mercado, é possível começar o próprio negócio. Nunca se teve tantas possibilidades, e muitas delas surgiram em decorrência do avanço da web. Existe vida além do jornalismo tradicional, fora das redações. E o primeiro passo é reconhecer isso.
Cerca de 90% dos jornalistas graduados em Porto Velho, já atua no mercado de trabalho, principalmente nas assessorias de comunicação dos órgãos públicos da Capital, que é o ramo que mais emprega e o que paga melhor esses profissionais. De cada 10 profissionais graduados, pelo menos cinco estão nas assessorias que já chegou a pagar até R$ 10 mil a um profissional em comunicação. Os outros 10% não atua na área por que não tem interesse, pois na maioria das vezes faz um curso como esse só para ter mais uma graduação.
Um dos indicadores positivos para o Estado, é de que mais de 20 profissionais formados em Porto Velho, já fizeram especializações e foi para outros estados, trabalhar em veículos conceituados como o portal de comunicação “Comunique-se”, por exemplo.
Mulheres
Por uma questão de tradição, as mulheres lideram o ramo do jornalismo. Nas salas de aula elas se destacam e são a maioria. Há diversificação na participação feminina em diferentes setores do jornalismo: impresso, eletrônico, rádio, televisão, revistas e agências de notícias.
Salários
Há uma grande variação de média salarial nesses setores, as quais provavelmente refletem relações de poder e tradição entre as empresas de comunicação. No mercado de trabalho formal há uma tendência ao aumento de postos de trabalho nas últimas
décadas.
Provisionados – “Raça em extinção”
A obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo está sob disputa legal no âmbito da justiça. Os registros profissionais obtidos por estudantes de jornalismo e pessoas que atuavam na área durante essa querela estão ameaçados, por conta do reconhecimento do curso de jornalismo da Faro pelo Ministério da Educação (MEC). Esses registros são conhecidos como precários ou provisionados, e nos próximos meses podem ser cassados pela Fenaj – Federação Nacional dos Jornalistas.
O mercado de trabalho para jornalistas graduados, tem se tornado cada vez mais concorrido em Porto Velho. A Faro - primeira faculdade a oferecer graduação em comunicação social com habilitação em jornalismo - já formou cinco turmas desde 2005, ou seja 79 novos profissionais estão inseridos nas assessorias de comunicação, redações de jornais impressos, sites, televisão e do tradicional rádio. Lembrando, que outras três turmas concluem o curso este ano, uma delas é a primeira turma da faculdade Uniron.
Mas basta ser um bom profissional, que sempre haverá uma vaga para quem realmente se esforça e procura se especializar. Além do mais, hoje em dia, com um pouco de espírito empreendedor e uma boa visão de mercado, é possível começar o próprio negócio. Nunca se teve tantas possibilidades, e muitas delas surgiram em decorrência do avanço da web. Existe vida além do jornalismo tradicional, fora das redações. E o primeiro passo é reconhecer isso.
Cerca de 90% dos jornalistas graduados em Porto Velho, já atua no mercado de trabalho, principalmente nas assessorias de comunicação dos órgãos públicos da Capital, que é o ramo que mais emprega e o que paga melhor esses profissionais. De cada 10 profissionais graduados, pelo menos cinco estão nas assessorias que já chegou a pagar até R$ 10 mil a um profissional em comunicação. Os outros 10% não atua na área por que não tem interesse, pois na maioria das vezes faz um curso como esse só para ter mais uma graduação.
Um dos indicadores positivos para o Estado, é de que mais de 20 profissionais formados em Porto Velho, já fizeram especializações e foi para outros estados, trabalhar em veículos conceituados como o portal de comunicação “Comunique-se”, por exemplo.
Mulheres
Por uma questão de tradição, as mulheres lideram o ramo do jornalismo. Nas salas de aula elas se destacam e são a maioria. Há diversificação na participação feminina em diferentes setores do jornalismo: impresso, eletrônico, rádio, televisão, revistas e agências de notícias.
Salários
Há uma grande variação de média salarial nesses setores, as quais provavelmente refletem relações de poder e tradição entre as empresas de comunicação. No mercado de trabalho formal há uma tendência ao aumento de postos de trabalho nas últimas
décadas.
Provisionados – “Raça em extinção”
A obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo está sob disputa legal no âmbito da justiça. Os registros profissionais obtidos por estudantes de jornalismo e pessoas que atuavam na área durante essa querela estão ameaçados, por conta do reconhecimento do curso de jornalismo da Faro pelo Ministério da Educação (MEC). Esses registros são conhecidos como precários ou provisionados, e nos próximos meses podem ser cassados pela Fenaj – Federação Nacional dos Jornalistas.
segunda-feira, 16 de junho de 2008
Conheça o mercado de trabalho do jornalismo e veja como conseguir o primeiro emprego na área
Quem escolhe a profissão de jornalista deve se preparar, ainda na faculdade, para chegar ao mercado de trabalho com um mínimo de experiência. Durante a graduação, os estudantes devem tirar proveito dos laboratórios em diferentes áreas ou ingressar em programas de trainee mantidos pelas empresas de comunicação.
O livro "Jornalista", da "Série Profissões", da Publifolha, é uma fonte de informação para quem pensa em optar por esse curso.
Veja um capítulo do livro que traz dicas para o estudante colocar em prática a teoria e facilitar o acesso ao primeiro emprego e os dez mandamentos que um futuro jornalista deve saber.
*
Portas de entrada para o mercado de trabalho
Para complementar o ensino teórico em sala de aula, as escolas de comunicação social de melhor nível desenvolvem, como meio de acesso à prática do jornalismo, a produção de diferentes produtos jornalísticos, entre os quais periódicos feitos pelos próprios alunos e que, em alguns casos, são distribuídos para a comunidade do campus ou para os moradores do bairro em que atua.
Os veículos mais comuns são jornais e revistas, mas há instituições que também produzem sites e programas de rádio e TV. Esses veículos, estruturados como disciplinas obrigatórias do curso de graduação, têm a função de preparar os alunos para o mercado de trabalho, e os estudantes participam de todas as etapas do desenvolvimento: reunião de pauta, reportagem e edição de textos. "Esses laboratórios são a melhor maneira de preparar o aluno para o mercado de trabalho. Por isso é imprescindível que ele participe ativamente", afirma Cristiane Finger, coordenadora do curso de jornalismo da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Outra modalidade de prática que vem se tornando comum nas escolas de jornalismo são as empresas juniores. Além de preparar o jovem para o dia-a-dia profissional, representam eficiente meio de acesso ao mercado de trabalho. Muitos dos estudantes que passam por essa etapa acabam sendo contratados por empresas para as quais já prestaram algum tipo de serviço enquanto estagiavam nas juniores.
O ingresso em programas de trainee promovidos por veículos de comunicação também se destaca como um caminho para pôr em prática o que se aprende durante o curso, além de facilitar o acesso ao primeiro emprego. Os estágios independentes, divulgados em anúncios nos murais das escolas, também podem ser uma alternativa, desde que não se transformem em subempregos.
Laboratórios e empresas juniores
Criadas na década de 1980 nas escolas de administração e economia, as empresas juniores funcionaram como um laboratório de prática profissional durante os estudos. O modelo de ensino fez tanto sucesso que foi copiado por outros cursos, e hoje há juniores especializadas nas mais variadas áreas: administração, economia, direito, comunicação etc.
A J Júnior, formada por alunos do curso de jornalismo da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, foi criada em 2004 pelos próprios alunos. Com pouco tempo de vida, a empresa ainda possui poucos trabalhos em seu currículo, mas alguns significativos, como a produção de conteúdo e o design do site da Pró-reitoria da USP e a cobertura de eventos para a Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo. "A J Júnior atua mais na área de assessoria de imprensa. Essa é uma área que estudamos no curso de jornalismo, mas não havia laboratório para que colocássemos em prática o aprendizado. Por isso, o trabalho na júnior é uma boa oportunidade para chegar a esse estágio", afirma a editora Cássia Alves, aluna do 1º ano de jornalismo, que estagia na J Júnior desde março de 2005. O trabalho desenvolvido pela J Júnior também envolve a organização de eventos para os alunos do curso de jornalismo, como palestras e workshops.
O quadro de "funcionários" das empresas juniores é composto exclusivamente por estudantes, que estagiam sob a orientação de professores. O dinheiro arrecadado com os trabalhos realizados é investido em equipamentos e manutenção. Os critérios de seleção dos participantes variam de uma instituição para a outra, mas, em todos os casos, prevêem entrevistas e provas práticas.
A modalidade de núcleo de prática mais comum nas escolas de jornalismo, contudo, são os veículos de comunicação estudantis. Trata-se de jornais, revistas, sites, programas de rádio e TV feitos pelos próprios alunos e distribuídos para a comunidade do campus ou para os moradores dos bairros vizinhos à escola. Os cargos dentro das redações são preenchidos pelos alunos, orientados por professores. As matérias são factuais e podem tratar dos mais variados assuntos.
Há 25 anos o Jornal do Campus é distribuído para a comunidade da USP. Com tiragem de 10 mil exemplares, em cores, no formato standard, o semanal trata do cotidiano da maior universidade pública do país. "O objetivo é colocar o aluno em contato com o dia-a-dia profissional que ele vai encontrar quando sair da faculdade", explica a professora Cristiane Finger.
Algumas escolas possuem núcleos de prática que aproximam o aluno de todos os tipos de veículos de comunicação. Além de um jornal, uma revista, um programa de rádio e um site, os alunos do curso de jornalismo da PUC do Rio Grande do Sul, por exemplo, fazem um programa informativo semanal, o TV Foca, que é transmitido em Porto Alegre pelo canal 15 da Net. "Quando eles vêem o resultado do trabalho que fizeram, há um comprometimento maior de todos", acredita Finger. Os chamados laboratórios de prática complementam o currículo do curso de jornalismo, por isso é obrigatória a participação do aluno em todas as modalidades.
Estágios e programas de trainee
Dirigidos aos estudantes que ainda estão se graduando, os estágios em empresas de comunicação tornaram-se um caminho natural para o ingresso no mercado de trabalho. O jovem pode aprimorar os conhecimentos adquiridos na escola na vivência diária em uma redação e no contato com profissionais experientes. Quem possui no currículo estágios em empresas renomadas invariavelmente tem mais chances de conseguir uma vaga quando sai da faculdade. Algumas vezes as expectativas correspondem à realidade, e muitos aprendem com os colegas mais experientes e são contratados depois de formados.
No entanto, o mais comum é encontrar subempregos disfarçados de estágio, nos quais jovens estudantes de jornalismo são submetidos a serviços incompatíveis com sua qualificação, em extenuantes jornadas de trabalho, a troco de uma "ajuda de custo". Para piorar, ao se submeter a esse tipo de estágio na expectativa de assegurar um emprego quando formado, o estudante acaba tirando o trabalho de um profissional experiente. Essa prática se tornou tão comum que, em vez de representar minoria, em algumas redações o número de estagiários supera o de profissionais formados e com experiência.
Por isso, o estágio em jornalismo, apesar de não ser proibido legalmente, sempre foi visto com desconfiança pela classe. "Sou a favor do estágio quando ele acrescenta algo ao repertório do aluno e não atrapalha os estudos. Do contrário, acho que o aluno deve priorizar sua formação", acredita o professor Coelho Sobrinho, da ECA.
Para evitar que o estudante seja explorado e que os profissionais sofram com essa prática, os sindicatos de jornalistas de alguns estados estabeleceram regras para o estágio. O Programa de Estágio Acadêmico, criado em 2001 pelo Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, prevê que os estágios só podem ser feitos mediante convênio entre a escola e a empresa. As instituições de ensino que participam do programa de estágio devem ter um ou mais professores responsáveis pelo acompanhamento do desenvolvimento dos alunos.
Além disso, os estágios devem ter um período de duração de seis meses, podendo ser renovado, mas obedecendo a uma rotatividade entre os alunos de uma mesma instituição de ensino. A jornada diária para o estagiário não deve ultrapassar cinco horas, e o estudante deve receber uma bolsa-escola equivalente a, no mínimo, 60% do piso salarial da categoria, acordado entre os sindicatos dos profissionais e das empresas.
Por ser ainda estudante, o estagiário não deve se responsabilizar por atividades que não correspondam à sua condição de aprendiz, tais como a responsabilidade pela veiculação de material jornalístico ou outra atividade definida como privativa do jornalista profissional, de acordo com o Decreto no 83.284, de 13 de março de 1979, que regulamenta a profissão.
Entre as atividades que podem ser desenvolvidas pelos estagiários, estão as seguintes:
- clipping (pesquisa de material publicado pelos veículos de comunicação);
- rádio-escuta (acompanhamento de noticiário divulgado pelos veículos eletrônicos);
- mailing/follow up (envio e confirmação de recebimento de material enviado para os veículos pelas assessorias de imprensa);
- pesquisa (coleta prévia de material a respeito de determinado assunto, para elaboração da pauta);
- agenda (agendamento e confirmação de entrevistas);
- paginação eletrônica (aplicação de textos e fotos em sites);
- arquivamento (de fotos, vídeos, fitas cassete e textos).
Para obter mais informações sobre estágios, entre em contato com a coordenadoria do curso de jornalismo da escola que você deseja cursar. Os jornalistas recém-formados também podem encontrar boas oportunidades de trabalho nos programas de trainee promovidos por empresas de comunicação. Um dos mais famosos é o Curso Abril de Jornalismo, idealizado pela Editora Abril e aberto a jornalistas recém-formados, designers e fotógrafos do país inteiro. O curso foi criado em 1984, com o objetivo de descobrir novos talentos na área de comunicação, treiná-los e aproveitá-los nas redações da própria editora.
As aulas acontecem durante quatro semanas, nas quais os alunos participam de workshops e palestras e, sob a orientação de profissionais da casa, produzem a Plug, revista-laboratório cuja fonte são as publicações da Abril, como Veja, Playboy, Capricho e Nova. Assim como em outros programas de trainee, os critérios de seleção incluem boa redação, no caso dos jornalistas, e capacidade de trabalhar em grupo. Busque informações sobre datas de inscrição e documentos necessários para se candidatar a um desses programas nos sites das empresas de comunicação (jornais, emissoras de rádio e TV).
Dez mandamentos do futuro jornalista
1. O domínio da língua portuguesa é requisito básico na profissão. Habitue-se a ler diariamente jornais, revistas e livros e a manter-se atualizado com os demais meios de comunicação.
2. Prepare-se para passar alguns sábados e domingos dentro de uma redação ou na rua apurando uma matéria. A notícia não cumpre agenda e precisa ser divulgada todos os dias, sem descanso.
3. Saiba que o trabalho em equipe é importante na profissão. Ouça o que as pessoas têm a dizer, aprenda com os mais velhos e respeite os mais jovens. O jornalismo é uma carreira dinâmica, e nada melhor do que construir uma sólida rede de contatos.
4. Nem o melhor dos jornalistas sabe tudo de todos os assuntos. Seja humilde e, em dúvida, não tenha vergonha de perguntar.
5. Domine as ferramentas básicas de informática e aprenda um ou mais idiomas, em especial o inglês.
6. Descubra "quem é quem" na área; mais do que isso, saiba construir sua rede de relacionamento, sua network, importante em qualquer carreira, principalmente na área de comunicação.
7. Seja curioso, busque novos conhecimentos e amplie seus horizontes. Um bom jornalista tem na bagagem um vasto repertório de informações.
8. Seja ético e honesto em seu trabalho, pois só assim conseguirá o respeito e a credibilidade que o distinguirão na carreira.
9. Procure especializar-se numa área pela qual você tenha interesse genuíno.
10. Valorize a vida acadêmica e desenvolva senso crítico para ingressar e permanecer no mercado de trabalho.
"Jornalista"
Editora: Publifolha
Páginas: 144
Quanto: R$ 19,90
Onde comprar: Nas principais livrarias, pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Publifolha
A cara do jornalismo
Por: Salvador Lopes Martins e Esdras Domingos da Silva.
Alunos do 8o período do curso de comunicação social: habilitação em jornalismo da PUC
O homem em suas origens paleozóicas descobriu que poderia não apenas se comunicar, mas registrar suas aventuras, amores e descobertas. Com o documento, ele poderia informar e utilizar aquele material como um arquivo, onde teria narrado parte de sua história.
Da pedra lascada a linotipo o mundo passou por várias transformações. A informação se tornou produto de primeira necessidade para o ser humano. “As trocas de informações atingiram intensidade e amplitude antes difíceis de imaginar. E a notícia, antes restrita e controlada pelo Estado e pela Igreja, tornou-se bem de consumo essencial” (LAGE, 1987, pp.8)
Conforme ressalta Fernando Oliveira Paulino, no artigo 1o da Declaração dos Direitos Humanos 1 “todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”.
Sendo assim, o direito à informação foi dado a todos e o de transmissão, de acordo com Lage, ao jornalista por meio da notícia. “A notícia se define como relato de uma série de fatos a partir do fato mais importante ou interessante; e de cada fato, a partir do aspecto mais importante ou interessante”.
Mas, a grande preocupação da imprensa, desde os “ideais iluministas franceses” 2, é como informar. O jornalista Dalton Jobim, no seu livro “O espírito do jornalismo”, lembra que a informação jornalística é superficial, colhida e redigida apressadamente.
“O jornalista não pode esperar tranqüilamente que a verdade saia do fundo do poço. Desce ao fundo do poço e vai surpreendê-la, de ‘câmara’ a tiracolo, mas logo descobre que a verdade tem muitas faces e, por isto, se limita a fotografar aquela que, conforme lhe segreda o instinto, deve interessar mais aos seus leitores”. (JOBIM, 1992)
Mesmo assim, conforme salienta Francisca Ester de Sá Marques, o jornalista reivindica para si o papel de “instituição da moral”, responsável pela transparência não só de preceitos éticos admitidos pelos cidadãos, “mas pela legitimação dos valores culturalmente estabelecidos como bons ou maus na prática social”. Cabe, então, ao jornalista uma busca deontológica da veracidade dos fatos. Nesse trabalho, de acordo com Paulino, deontologia é entendida como a ética aplicada ou a ciência que identifica os valores morais diretores de uma determinada atividade profissional. “Enquanto ciência de fatos de natureza moral, a deontologia implica, pois, não só uma enunciação do que é, mas também a enunciação do que deve ser”.
Os valores que regem a profissão jornalística são os mesmos constituídos para a convivência entre os seres humanos, como solidariedade, compaixão, tolerância e justiça social. Porém, a diferença entre um repórter e um médico, é que os jornais são “instrumentos de acesso ao mundo para o cidadão” (DINES apud COUTINHO). “Uma função primordial da mídia é fornecer um fórum. Numa democracia, todos os grupos devem poder exprimir-se” (AUGUSTO apud BERTRAND).
O jornalismo é uma atividade que se define por uma ética 3 e não por uma técnica. Para Bernado Kucinski, essa ética é formada por um preceito universal de conduta aplicável em todas as circunstâncias, e que não admite adaptação ou compromisso. “É o imperativo categórico da verdade. Por esse motivo o jornalismo existe para socializar as verdades de interesse público, para tornar público o que os grupos de interesse ou poderosos tentam manter como coisa privada”. Ele ainda acrescenta:
“Essa busca de verdade de interesse público implica a adesão a uma deontologia, uma ética de procedimentos e que não se limita à técnica de bem escrever, abarcando todas as etapas da busca de verdade ou, para usar uma palavra mais precisa, da busca da veracidade dos fatos. E os fundamentos dessa deontologia são a honestidade intelectual e a perícia. O jornalista ético é o que age com a mesma honestidade intelectual que caracteriza o bom cientista.” (KUCINSKI).
Francisca Ester de Sá Marques observa que a atividade jornalística sempre parte do pressuposto “deontológico/moral” que é à esfera da informação correspondente não somente a veracidade dos fatos narrados e a fidelidade das opiniões, mas também a pertinência e o tratamento dos fatos a serem incluídos no agendamento midiático. Mas ao jornalista, segundo Francisco Karan, caberá perguntar, desconfiar, investigar, e saber que, no exercício de sua profissão, é necessário aceitar que existem fatos e versões, que embora o possam desagradar, têm direito de ocupar a “arena pública”, para que mais gente, de forma imediata, clara, rápida, massiva, planetária e em períodos curtos, possa ter acesso à produção e versão dos outros.
O exercício ético da profissão garantirá o acesso, previsto na Declaração dos Direitos Humanos, à informação a toda sociedade. Para isso, aconselha Iluska Coutinho, as chaves para o alcance da objetividade do repórter deveriam passar pela descrição do que é visto, isento de opiniões anteriores e “de modo algum deve misturar interpretação subjetiva com descrição do fenômeno” (COUTINHO apud VITA).
“A comunicação é um processo de seleção que se desenvolve em três níveis: produção, de um conteúdo informativo, difusão e aceitação desse mesmo conteúdo. E ainda um processo seletivo porque a comunicação desencadeia novas seqüências seletivas, despoleta nos sistemas novas séries de seleções, com base nas quais operam a redução de complexidade com que se confrontam e criam condições de estabilidade” (MARQUES apud ESTEVES apud LUHMANN).
Código de ética
No trânsito das informações, os jornalistas vêem-se na condição de ter que confrontar suas verdades todos os dias. Para Francisca Ester de Sá Marques, o profissional da comunicação deve ter uma “verdade que caracteriza com um conjunto de princípios valorativos e normas morais que funcionam como axiomáticos naturais” e que lhe indicam quadros de significação, onde as ações sociais se inserem.
Os profissionais de jornalismo contam com leis que regulamentam a profissão no Brasil. Nesse trabalho, entenda-se: lei é um conjunto de regras e leis de conduta (dispositivos legais, normas jurídicas) ditados pela autoridade constituída para ordenar e regulamentar as relações entre indivíduos, grupos ou organizações, cujo cumprimento é obrigatório, independente da vontade ou adesão dos indivíduos.
Em 1987, durante o Congresso Nacional de Ética, foi aprovado o Código de Ética dos Jornalistas. No artigo 7o , estabelece que “o compromisso fundamental do jornalista é com a verdade dos fatos, e seu trabalho se pauta pela precisa apuração dos acontecimentos e sua correta divulgação”.
O código fixa normas a que deverá subordinar-se a atuação do profissional, nas suas relações com a comunidade, com as fontes de informação, e entre jornalistas. O documento contém 27 artigos e 7 parágrafos que delimitam a profissão de jornalista e rege punições aos que transgredirem as normas. O código é dividido em “direito à informação”, “conduta profissional do jornalista”, “responsabilidade profissional do jornalista” e “aplicação do Código de Ética”.
Alguns escritores mostram-se céticos sobre a eficácia e utilização dos códigos, como Serge Halimi (KARAM apud HALIMI), por causa da falta de estudos e debates sobre o documento. No entanto, outros como Azar (KARAM apud AZAR) considera que os códigos contribuem “de maneira fundamental para criar e afirmar uma consciência moral coletiva dentro da profissão”.
“Com a divisão social do trabalho, a complexidade e a especificidade do trabalho jornalístico, o século XX viu nascerem e crescerem, em diferentes instâncias, regiões geográficas e atividades, os códigos deontológicos profissionais. A tecnologia acelerou este processo e os debates sobre o tema foram ampliados. Hoje, inúmeras empresas de comunicação e federações/associações de jornalistas subscrevem algum código de conduta, expressando limites e obrigações profissionais no campo ético. Embora não tenham expressão jurídica, tais princípios prescrevem normas morais para a atividade jornalística” (KARAM).
Alunos do 8o período do curso de comunicação social: habilitação em jornalismo da PUC
O homem em suas origens paleozóicas descobriu que poderia não apenas se comunicar, mas registrar suas aventuras, amores e descobertas. Com o documento, ele poderia informar e utilizar aquele material como um arquivo, onde teria narrado parte de sua história.
Da pedra lascada a linotipo o mundo passou por várias transformações. A informação se tornou produto de primeira necessidade para o ser humano. “As trocas de informações atingiram intensidade e amplitude antes difíceis de imaginar. E a notícia, antes restrita e controlada pelo Estado e pela Igreja, tornou-se bem de consumo essencial” (LAGE, 1987, pp.8)
Conforme ressalta Fernando Oliveira Paulino, no artigo 1o da Declaração dos Direitos Humanos 1 “todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”.
Sendo assim, o direito à informação foi dado a todos e o de transmissão, de acordo com Lage, ao jornalista por meio da notícia. “A notícia se define como relato de uma série de fatos a partir do fato mais importante ou interessante; e de cada fato, a partir do aspecto mais importante ou interessante”.
Mas, a grande preocupação da imprensa, desde os “ideais iluministas franceses” 2, é como informar. O jornalista Dalton Jobim, no seu livro “O espírito do jornalismo”, lembra que a informação jornalística é superficial, colhida e redigida apressadamente.
“O jornalista não pode esperar tranqüilamente que a verdade saia do fundo do poço. Desce ao fundo do poço e vai surpreendê-la, de ‘câmara’ a tiracolo, mas logo descobre que a verdade tem muitas faces e, por isto, se limita a fotografar aquela que, conforme lhe segreda o instinto, deve interessar mais aos seus leitores”. (JOBIM, 1992)
Mesmo assim, conforme salienta Francisca Ester de Sá Marques, o jornalista reivindica para si o papel de “instituição da moral”, responsável pela transparência não só de preceitos éticos admitidos pelos cidadãos, “mas pela legitimação dos valores culturalmente estabelecidos como bons ou maus na prática social”. Cabe, então, ao jornalista uma busca deontológica da veracidade dos fatos. Nesse trabalho, de acordo com Paulino, deontologia é entendida como a ética aplicada ou a ciência que identifica os valores morais diretores de uma determinada atividade profissional. “Enquanto ciência de fatos de natureza moral, a deontologia implica, pois, não só uma enunciação do que é, mas também a enunciação do que deve ser”.
Os valores que regem a profissão jornalística são os mesmos constituídos para a convivência entre os seres humanos, como solidariedade, compaixão, tolerância e justiça social. Porém, a diferença entre um repórter e um médico, é que os jornais são “instrumentos de acesso ao mundo para o cidadão” (DINES apud COUTINHO). “Uma função primordial da mídia é fornecer um fórum. Numa democracia, todos os grupos devem poder exprimir-se” (AUGUSTO apud BERTRAND).
O jornalismo é uma atividade que se define por uma ética 3 e não por uma técnica. Para Bernado Kucinski, essa ética é formada por um preceito universal de conduta aplicável em todas as circunstâncias, e que não admite adaptação ou compromisso. “É o imperativo categórico da verdade. Por esse motivo o jornalismo existe para socializar as verdades de interesse público, para tornar público o que os grupos de interesse ou poderosos tentam manter como coisa privada”. Ele ainda acrescenta:
“Essa busca de verdade de interesse público implica a adesão a uma deontologia, uma ética de procedimentos e que não se limita à técnica de bem escrever, abarcando todas as etapas da busca de verdade ou, para usar uma palavra mais precisa, da busca da veracidade dos fatos. E os fundamentos dessa deontologia são a honestidade intelectual e a perícia. O jornalista ético é o que age com a mesma honestidade intelectual que caracteriza o bom cientista.” (KUCINSKI).
Francisca Ester de Sá Marques observa que a atividade jornalística sempre parte do pressuposto “deontológico/moral” que é à esfera da informação correspondente não somente a veracidade dos fatos narrados e a fidelidade das opiniões, mas também a pertinência e o tratamento dos fatos a serem incluídos no agendamento midiático. Mas ao jornalista, segundo Francisco Karan, caberá perguntar, desconfiar, investigar, e saber que, no exercício de sua profissão, é necessário aceitar que existem fatos e versões, que embora o possam desagradar, têm direito de ocupar a “arena pública”, para que mais gente, de forma imediata, clara, rápida, massiva, planetária e em períodos curtos, possa ter acesso à produção e versão dos outros.
O exercício ético da profissão garantirá o acesso, previsto na Declaração dos Direitos Humanos, à informação a toda sociedade. Para isso, aconselha Iluska Coutinho, as chaves para o alcance da objetividade do repórter deveriam passar pela descrição do que é visto, isento de opiniões anteriores e “de modo algum deve misturar interpretação subjetiva com descrição do fenômeno” (COUTINHO apud VITA).
“A comunicação é um processo de seleção que se desenvolve em três níveis: produção, de um conteúdo informativo, difusão e aceitação desse mesmo conteúdo. E ainda um processo seletivo porque a comunicação desencadeia novas seqüências seletivas, despoleta nos sistemas novas séries de seleções, com base nas quais operam a redução de complexidade com que se confrontam e criam condições de estabilidade” (MARQUES apud ESTEVES apud LUHMANN).
Código de ética
No trânsito das informações, os jornalistas vêem-se na condição de ter que confrontar suas verdades todos os dias. Para Francisca Ester de Sá Marques, o profissional da comunicação deve ter uma “verdade que caracteriza com um conjunto de princípios valorativos e normas morais que funcionam como axiomáticos naturais” e que lhe indicam quadros de significação, onde as ações sociais se inserem.
Os profissionais de jornalismo contam com leis que regulamentam a profissão no Brasil. Nesse trabalho, entenda-se: lei é um conjunto de regras e leis de conduta (dispositivos legais, normas jurídicas) ditados pela autoridade constituída para ordenar e regulamentar as relações entre indivíduos, grupos ou organizações, cujo cumprimento é obrigatório, independente da vontade ou adesão dos indivíduos.
Em 1987, durante o Congresso Nacional de Ética, foi aprovado o Código de Ética dos Jornalistas. No artigo 7o , estabelece que “o compromisso fundamental do jornalista é com a verdade dos fatos, e seu trabalho se pauta pela precisa apuração dos acontecimentos e sua correta divulgação”.
O código fixa normas a que deverá subordinar-se a atuação do profissional, nas suas relações com a comunidade, com as fontes de informação, e entre jornalistas. O documento contém 27 artigos e 7 parágrafos que delimitam a profissão de jornalista e rege punições aos que transgredirem as normas. O código é dividido em “direito à informação”, “conduta profissional do jornalista”, “responsabilidade profissional do jornalista” e “aplicação do Código de Ética”.
Alguns escritores mostram-se céticos sobre a eficácia e utilização dos códigos, como Serge Halimi (KARAM apud HALIMI), por causa da falta de estudos e debates sobre o documento. No entanto, outros como Azar (KARAM apud AZAR) considera que os códigos contribuem “de maneira fundamental para criar e afirmar uma consciência moral coletiva dentro da profissão”.
“Com a divisão social do trabalho, a complexidade e a especificidade do trabalho jornalístico, o século XX viu nascerem e crescerem, em diferentes instâncias, regiões geográficas e atividades, os códigos deontológicos profissionais. A tecnologia acelerou este processo e os debates sobre o tema foram ampliados. Hoje, inúmeras empresas de comunicação e federações/associações de jornalistas subscrevem algum código de conduta, expressando limites e obrigações profissionais no campo ético. Embora não tenham expressão jurídica, tais princípios prescrevem normas morais para a atividade jornalística” (KARAM).
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